"(...)Eu não posso dizer que ele me decepcionou.
Eu não tenho o direito de achar que meu coração tem duzentos e cinqüenta e cinco cicatrizes porque o amor é uma faca afiada que corta.
Vamos jogar aberto.
A culpa é minha.
Eu dei meu coração. Eu criei expectativas.
Então, com sua licença.
A culpa é minha. Minha culpa.
Minha feia culpa que é minha e de mais ninguém.
Minha culpa de sete pontas.
Minha culpa que me faz olhar a vida e me sentir personagem principal de uma página triste. E não é só triste.
É uma culpa boa. Porque também me faz exercitar um sentimento maior (e mais brilhante que o mundo): o perdão.
Se eu pudesse escolher um verbo hoje, eu escolheria perdoar.
Assim, conjugado na primeira pessoa, com objeto direto e ponto final: eu me perdôo. Não, eu não te perdôo porque não tenho porque te perdoar.
Tenho que perdoar a mim. A mim, que me ferrei. Me iludi. Me fodi. Me refiz. Me encantei.
A culpa é minha.
Minhas e das minhas expectativas.
Minha e das minhas lamentáveis escolhas.
Minha e do meu coração lerdo.
Minha e da minha imaginação pra lá de maluca.
Então, com sua licença, deixe eu e minha culpa em paz.
Eu e meu delicioso perdão por mim mesma.
Eu só te peço uma coisa.
Pare de culpar a vida.
Pare de ter pena de você.
Se assuma. Se aceite. Se culpe. Se estrepe. Se mate.
Mas se perdoe.
Pelo amor de Deus, se perdoe."
(Fernanda Mello)