quarta-feira, abril 18, 2012

Eu queria te contar que agora não dói mais.
Só que agora não importa tanto o que você vai pensar sobre isso.
Queria que você soubesse que já vi nossos filmes milhares de vezes e nem chorei.
Ok, chorei.
Mas pelo filme, e não por você.
Queria que você soubesse que tirei a poeira das nossas músicas, e que as ouço quase todos os dias.
Porque elas me faziam mais falta do que você fez.
Os nossos lugares não são mais nossos.
Eu já voltei lá com outras pessoas, e escrevi lá outras histórias…
Eu estou aprendendo a tocar violão.
E a primeira música que toquei foi aquela música que era uma espécie de hino pra nós dois.
Ela é tão linda…e sim, ela continua sendo muito nossa e lembrando demais você.
Mas ainda sim, não dói.
Você não pergunta essas coisas, mas sei que gostaria de saber.
Porque te conheço.
E isso não mudou.
Do mesmo jeito que adivinhei as coisas ruins que você aprontaria, eu sei as coisas boas que ficaram aí em você e te fazem lembrar de mim.
Porque a vida segue.
Mas o que foi bonito fica com toda a força.
Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga.
E a gente lembra.
E já não dói mais.
Mas dá saudade.
Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás.

(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, abril 16, 2012

Ai gente! Give me a break!
Não me perguntem se estou bem. Não estou para respostas.
Não estou para ninguém. Nem para você.
Não me venha com esse papo de amigo. Eu conheço meus amigos.
Conto nos dedos. São poucos! Lindos! Loucos! Mas são meus, não seus.
Eu duvido da boa intenção das pessoas. De certas pessoas.
Eu sinto um ponto de interrogação no peito quando uma frase soa falsa. Você me soa falso, entendeu?
Ahn, não me perguntem a quem me dirijo. A carapuça serviu? Então sirva-se você!
A tecla delete está bem a sua frente. Por favor, faça um favor ao mundo. Delete-me!
Eu sou o tipo de pessoa que quando quero bem, eu quero muito. Se não, esqueça!
Não desejo mal a ninguém, pode apostar. Mas não tire meu sossego. Meu sono. Não tire minhas palavras.
Não roube o que é meu! Eu só tenho um coração!
Sou bondade, vontade, e, às vezes, sou leal se quiser.
Mas não me confunda, sou boa! Boazinha, jamais! Ah, não mesmo!
Tenho cara de menina, mas minha intuição já foi e voltou enquanto você planejava e se distraía com meus cílios grandes.
Quer saber?
Só não entendo o motivo de tanto esforço. Eu queria entender o que você pretende.
Você quer me entender? Eu não sou de entender. Eu sou de amar! De matar! De morrer!
Porque você sente prazer em descobrir minha vida? Você não cabe nela! Desculpe, não mesmo!
E tudo que eu falo pra você é mentira, sabia? É! Minhas verdades são, para você, deliciosas mentiras que eu ensaiei!
Gostou? Provou do próprio veneno? Sentiu o sabor de invadir? Então alimente-se de você. O sal de frutas é por conta da casa!

(Fernanda Mello)